A segunda edição do Festival da Cultura Popular Jalapoeira, realizada de 18 a 20 de abril em Mateiros, no coração do Jalapão, celebrou a diversidade cultural da região com uma programação gratuita que uniu música, arte, gastronomia e manifestações populares. O evento foi promovido pelo Varandas do Jalapão, com patrocínio do Banco da Amazônia e apoio do Governo do Tocantins, por meio do Naturatins, responsável pela gestão das Unidades de Conservação na região.
Durante os três dias de programação, moradores, artistas e turistas participaram de vivências culturais que reforçaram o sentimento de pertencimento e promoveram o intercâmbio de saberes entre gerações.
Tradição e resistência no Galhão
Na Comunidade Galhão, um dos momentos mais emocionantes do festival foi a reza da Sexta-feira da Paixão, liderada por Dona Amélia Pereira, de 76 anos, que emocionou a todos ao agradecer de joelhos o milagre de estar viva após um AVC. A tradição religiosa, herdada de sua mãe e avó, foi acompanhada pelas apresentações culturais e, nos intervalos da reza, o público se divertiu com o forró de Domingos Dedo d’Ouro e banda.
O ponto alto da noite foi a esperada apresentação dos Caretas do Galhão, manifestação típica da Semana Santa no Jalapão. Fantasiados com folhas, palhas, máscaras e chocalhos, os caretas correm, gritam e interagem com o público, numa performance que simboliza o “caos” antes da ressurreição de Cristo. A tradição, que mistura influências afro-brasileiras, indígenas e portuguesas, mantém viva a identidade do povo jalapoeiro.
Início das atividades do Museu Jalapoeiro
No sábado, 19, foi iniciada a formação do Museu da Cultura Popular Jalapoeira, instalado em uma das primeiras casas de Mateiros, construída em adobe. O acervo reúne objetos do cotidiano tradicional, como máquina de tear, pilões, candeeiros e cabaças, além de fotografias históricas das manifestações religiosas e culturais da região.
Segundo Perla Ribeiro, diretora de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Naturatins, a ação contribui para o fortalecimento da memória cultural e o reconhecimento da importância de viver no entorno de uma Unidade de Conservação. “Todas essas ações impactam positivamente na valorização do patrimônio imaterial e material do Jalapão”, afirmou.
Encerramento com arte, sabores e poesia
O domingo, 20, começou com atividades corporais conduzidas por Rodrigo Cruz na praça do Centro de Atendimento ao Turista (CAT). Em seguida, o Complexo Esportivo recebeu mais uma edição da Feira Gastronômica do Cerrado, além de um sarau de poesias com artistas locais.
O encerramento ficou por conta da cantora Virgínia do Jalapão, com seu modão tradicional, e do grupo Quarteto Pé de Serra, formado por músicos do Quilombo do Prata e Josefina do Acordeon, em uma apresentação que reuniu o ado e o presente da música regional.
