A ostentação de luxo nas redes sociais pode render mais do que curtidas e engajamento — pode também chamar a atenção da Receita Federal, que tem aprimorado seus sistemas de fiscalização para identificar possíveis sonegadores do Imposto de Renda.
Com o crescimento das redes sociais, tornou-se comum a exibição de carros de luxo, viagens internacionais, joias, festas glamourosas e imóveis de alto padrão. Esse costume está presente principalmente na rotina de “influencers”, que publicam suas vidas em várias plataformas.
No entanto, os algoritmos e sistemas da Receita conseguem cruzar essas informações públicas com os dados financeiros dos contribuintes, e qualquer incompatibilidade entre renda declarada e padrão de vida ostentado pode gerar uma fiscalização.
Monitoramento das redes sociais pela Receita não é novidade
A Receita Federal já utiliza as redes sociais para identificar sonegadores há quase uma década. Em 2017, o auditor Cláudio Vilela confirmou que o órgão cruzava postagens com dados fiscais para identificar contribuintes que declaravam renda incompatível com seu estilo de vida.
“O auditor fiscal consegue localizar o patrimônio de uma pessoa por meio das redes sociais. Se o contribuinte declara não ter bens, mas aparece em postagens viajando para o exterior, dirigindo carros importados ou ostentando imóveis e iates, ele pode ser investigado“, afirmou Vilela na época.
Só naquele ano, mais de 2 mil pessoas foram pegas por ostentar um padrão de vida incompatível com suas declarações fiscais.
Como a Receita Federal cruza os dados?
A Receita Federal possui supercomputadores e inteligência artificial que analisam mais de 160 filtros de checagem. Entre as movimentações rastreadas, estão:
– Rendimentos e movimentações bancárias
– Transações via PIX acima de R$ 2 mil por mês
– Compras no débito e crédito acima de R$ 2 mil por mês
– Compra e venda de automóveis e imóveis
– Investimentos em renda fixa, mercado de ações e criptoativos
– Gastos médicos e educacionais declarados
– Bens no exterior
– Pagamentos a funcionários domésticos e previdência complementar
A partir de 2025, despesas médicas com recibos digitais arão a ser analisadas diretamente pelo sistema da Receita.
Declaração de Imposto de Renda: atenção para não cair na malha fina
O prazo para envio da Declaração do Imposto de Renda 2025 (ano-base 2024) vai de 15 de março a 31 de maio. No ano ado, quase 30% das declarações que caíram na malha fina apresentavam omissão de rendimentos, um dos principais fatores que levam à fiscalização.
Caso um contribuinte seja pego na malha fina, ele pode:
– Enviar uma declaração retificadora e pagar a diferença de imposto devida.
– Apresentar documentação à Receita Federal para comprovar que sua declaração está correta.
Se não regularizar a situação, pode enfrentar multas pesadas e processos istrativos. Caso a Receita detecte inconsistências, o contribuinte pode ser chamado para prestar esclarecimentos e, se for comprovada sonegação, pode sofrer multas e até sanções mais graves.
Fique atento e evite problemas com o Fisco
Para não cair na malha fina, é fundamental que os contribuintes declarem corretamente todos os seus rendimentos e bens. Além disso, quem costuma postar um estilo de vida luxuoso nas redes deve garantir que suas movimentações financeiras sejam compatíveis com sua declaração de imposto de renda.
