Enquanto doenças como asma, alergias e outras disfunções autoimunes se tornam cada vez mais comuns desde a década de 1960, comunidades tradicionais como os Amish parecem escapar dessa tendência. Vivendo nos Estados Unidos com práticas rurais ancestrais, eles mantêm hábitos como criação de gado leiteiro e uso de transporte a cavalo e, segundo pesquisas científicas, essa convivência próxima com animais pode ser a chave para sua saúde imunológica mais robusta.
Um estudo publicado em 2016 comparou crianças Amish as crianças Huteritas comunidade agrícola também de origem europeia, mas que adota tecnologias modernas. Apesar das semelhanças em dieta e estilo de vida, os Huteritas apresentaram taxas até seis vezes maiores de alergias e asma. A principal diferença identificada pelos pesquisadores: o contato diário e direto com os animais, algo preservado entre os Amish.
A pesquisa revelou que as crianças Amish têm células T reguladoras mais calibradas. Essas células são responsáveis por atenuar respostas exageradas do sistema imunológico, o que explica a menor incidência de alergias.
A partir desse estudo, a ciência ou a investigar o papel dos animais de estimação e dos micróbios que eles carregam na formação do microbioma humano conjunto de microrganismos que habitam nossa pele, boca e intestino. Pesquisas sugerem que os micróbios presentes em cães, gatos e outros animais não permanecem no corpo humano, mas são reconhecidos como familiares pelo sistema imunológico, que aprende a reagir de forma equilibrada.
O microbiologista Jack Gilbert, da Universidade de Chicago, defende que nosso sistema imune evoluiu ao longo de milênios em contato com bactérias de cães, cavalos e vacas. “Quando ele vê essas coisas, ativa o desenvolvimento imunológico benéfico. Ele sabe o que fazer”, explica.
Estudos mais recentes reforçam a ideia de que o contato com animais seja em ambientes rurais, seja por meio de pets contribui para fortalecer a imunidade, especialmente na infância. Uma experiência italiana com crianças sem animais de estimação mostrou que o contato regular com cavalos resultou em mudanças positivas no microbioma intestinal dos participantes.
Outro exemplo citado por cientistas é a população dos Irish Travellers, grupo tradicional da Irlanda que vive em ambientes com muitos animais. Mesmo enfrentando dificuldades sociais, apresentam baixas taxas de doenças autoimunes, como lúpus, esclerose múltipla e colite.
A teoria predominante é que essa exposição diversa a microrganismos desde a infância estimula um sistema imunológico mais estável e menos propenso a reagir de forma desregulada. Ter um animal de estimação também pode ser um catalisador indireto, ao incentivar eios e maior contato com a natureza, o que, por sua vez, expõe o corpo a microrganismos benéficos do solo, do ar e da vegetação.
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