O mundo está cheio de gente, e este é o nosso desafio diário. Como já disse o filósofo francês Jean-Paul Sartre: “O inferno são os outros”. Essa expressão sintetiza a dificuldade e a dor de se relacionar com aqueles que dividem conosco este pequeno planeta. Todos os dias, vemos e ouvimos notícias de desentendimentos, agressões e até assassinatos motivados pela incapacidade de convivência. O trânsito se tornou um palco de violência, as famílias enfrentam conflitos constantes, e as relações amorosas e de amizade são marcadas por desentendimentos e distanciamentos.
A verdade é que muitas pessoas estão emocionalmente doentes e acabam transferindo suas dores para os outros. E não se trata apenas de doenças virais ou contagiosas, mas de traumas que levam alguém a despejar anos de sofrimento sobre a primeira pessoa que encontra pelo caminho.
Filhos são oprimidos por pais que nunca trataram suas próprias feridas, esposas recorrem à terapia de casal ou a uma inércia emocional para manter seus casamentos e proteger seus filhos, e amigos se afastam para evitar novos desgastes emocionais.
Diante desse cenário caótico, muitos buscam formas de evitar conflitos. No entanto, os meios escolhidos muitas vezes são igualmente prejudiciais. Horas de imersão nas redes sociais, academias lotadas por aqueles que preferem o esforço físico ao enfrentamento emocional, o refúgio nas bebidas ou a fuga no trabalho são apenas algumas das alternativas usadas para escapar do desafio de se relacionar. E você, como lida com seus infernos?
É evidente que a sociedade enfrenta uma crise de convivência. O que antes era resolvido com diálogo e compreensão, hoje dá lugar ao afastamento, ao silêncio ou à agressividade. O individualismo cresce e a paciência diminui. As pessoas estão cada vez menos dispostas a lidar com as diferenças e as imperfeições do outro, como se fosse possível viver isoladamente em um mundo compartilhado.
Precisamos resgatar a empatia e o respeito mútuo. Buscar o autoconhecimento, tratar nossas dores e compreender que o outro não é nosso inimigo, mas alguém que, assim como nós, também carrega cicatrizes. O desafio de conviver pode ser grande, mas ignorá-lo só torna nossa existência mais solitária e infeliz, Sartre e os seus pares filósofos existencialistas, apesar de seu pessimismo, não apresentaram muita opção aos problemas no relacionamento.
